Programa Nacional Olimp�adas de Qu�mica

OBQ 2018

Fase III

XXIV Olimp�ada Brasileira de Qu�mica

Modalidade A

 

CI�NCIA PARA A REDU��O DAS DESIGUALDADES

 

Em um pa�s com tanta desigualdade social como o Brasil, investir em ci�ncia e tecnologia � indispens�vel para garantir a qualidade de vida da popula��o. Assim, este foi o tema escolhido para a 15� Semana Nacional de Ci�ncia e Tecnologia - SNCT 2018, inspirado nos objetivos de desenvolvimento sustent�vel, estabelecidos pela Organiza��o das Na��es Unidas (ONU).

A desigualdade social � caracterizada por dimens�es que n�o s�o produzidas pelas cidades, como a pr�pria renda e o mercado de trabalho, ou por dimens�es claramente associadas �s cidades, como a desigualdade de acesso, falta de mobilidade e aus�ncia de estruturas urbanas. A falta de saneamento b�sico, por exemplo, � um elemento que comp�e um quadro de desigualdade social, na medida em que exp�e parte da popula��o a um ambiente que facilita a transmiss�o de doen�as, contamina��o do solo,  deslizamentos e inunda��es.

Diante disso, surge o questionamento: a Qu�mica pode ajudar a minimizar desigualdades sociais? A resposta para esta pergunta tem uma dimens�o imensur�vel. Ao aperfei�oar, desenvolver e inovar t�cnicas que possam prevenir e combater doen�as, aumentar a produ��o agr�cola, tratar �gua e efluentes, elaborar novos materiais biodegrad�veis (tecidos, embalagens, tintas etc.), preservar o meio ambiente, a ci�ncia Qu�mica pode promover a qualidade de vida �s pessoas, desde que usada de forma respons�vel e sustent�vel.

Contudo, a capacidade de uma sociedade de incorporar a ci�ncia e a tecnologia como fatores din�micos para seu progresso, depende tamb�m de condi��es pol�ticas, econ�micas e sociais.

 

A Comiss�o.


 

PARTE A - QUEST�ES M�LTIPLA ESCOLHA

 

Quest�o 1 – O escritor italiano Primo Levi, em seu livro de contos Sistema Peri�dico (O Sistema Peri�dico, Ed. Leya), narra fatos de sua vida e os associa a elementos qu�micos. Em um dos trechos, ele narra: �(este metal) � mole como a cera. Reage com a �gua onde flutua (um metal que flutua!), dan�ando freneticamente e produzindo hidrog�nio.�. Sobre esse metal, assinale a alternativa que est� correta:

a)  � um metal de transi��o, caracterizado por sua baixa densidade. A rea��o qu�mica com a �gua � devida ao baixo potencial de oxida��o desse metal, frente ao potencial de oxida��o do hidrog�nio.

b)  � um metal que possui uma grande varia��o de n�mero de oxida��o (Nox), indo de +1 at� +6. Esta grande varia��o de n�meros de oxida��o Nox confere ao elemento baixa densidade e alta reatividade, uma vez que a perda significativa de el�trons altera suas propriedades f�sicas.

c)  � um metal radioativo (). A instabilidade nuclear, observada pela raz�o entre n�mero de pr�tons e n�mero de n�utrons, faz com que o elemento tenha uma massa at�mica elevada e um volume at�mico grande, originando uma densidade menor do que 1,0 g cm-3 nas condi��es ambientes.

d)  � um metal que apresenta propriedades diamagn�ticas, por isso sofre a repuls�o el�trica dos polos das mol�culas de �gua, que o fazem flutuar. A rea��o que ocorre � de oxirredu��o, uma vez que os polos el�tricos da �gua reagem com os polos el�tricos do metal.

e)  � um metal representativo, que reage com a �gua formando um hidr�xido correspondente, com a libera��o de g�s hidrog�nio. O referido metal possui potencial padr�o de redu��o negativo.

 

 

RESPOSTA:

Letra e: Das respostas apresentadas, somente os elementos do Grupo 1 (metais representativos) podem reagir com a �gua violentamente e apresentam uma baixa densidade, como, por exemplo o s�dio. Ele reage violentamente com a �gua e forma hidr�xido, com libera��o de g�s hidrog�nio.

 

Quest�o 2 – Um dos principais contaminantes da �gua para o consumo humano s�o os c�tions alcalino-terrosos, que lhe conferem a dureza, sendo assim � indispens�vel � remo��o desses para o atendimento aos padr�es de potabilidade. Quando o magn�sio reage com uma solu��o de HNO3 � formada uma mistura gasosa constitu�da por hidrog�nio, nitrog�nio, mon�xido de nitrog�nio e �xido de dinitrog�nio, cuja composi��o � dependente da concentra��o de �cido n�trico utilizada. O gr�fico abaixo mostra como essa composi��o (em porcentagens molares) varia com a concentra��o da solu��o de �cido (SULCIUS, A. Journal of Chemical Education, v.92, p. 1971−1972, 2015):

Sobre as rea��es citadas e o gr�fico mostrado, analise as afirmativas abaixo e assinale a correta:

a)    Apenas a rea��o de produ��o de H2(g) e N2(g) correspondem a rea��es de oxirredu��o.

b)    Utilizando concentra��es de �cido n�trico entre 2 % e 18 %, a rea��o que envolve a redu��o do nitrog�nio de um n�mero de oxida��o +5 para +1 � aquela com forma��o de menor % de produto.

c)    Na rea��o, ao utilizar a concentra��o de 10 % de �cido n�trico, pode se afirmar que a diferen�a de potencial padr�o da rea��o de produ��o de g�s hidrog�nio � igual �quela da rea��o de produ��o de mon�xido de nitrog�nio, uma vez que as concentra��es destes gases s�o iguais na composi��o da mistura gasosa produzida.

d)    Os dados apresentados no gr�fico possibilitam concluir que utilizando concentra��o acima de 16 % de �cido n�trico a rea��o com a produ��o de NO � aquela termodinamicamente mais favor�vel.

e)    Atrav�s apenas do c�lculo das diferen�as de potenciais padr�o das rea��es de produ��o dos gases (hidrog�nio, nitrog�nio, mon�xido de nitrog�nio e �xido de dinitrog�nio) pode-se prever qual ou quais os produtos termodinamicamente mais favor�veis.

 

RESPOSTA:

Letra a-   Falsa: todas as rea��es s�o de oxida��o-redu��o.

 

Letra b-   Verdadeira: a rea��o citada � aquela com forma��o de N2O(g) e uma vez que este � produzido em menor propor��o significa que � aquele com menor diminui��o de energia livre de Gibbs. Rea��es mais favor�veis t�m maior diminui��o de energia livre de Gibbs.

Letra c-   Falsa: na concentra��o de 10 % de �cido n�trico, a diminui��o da energia livre de Gibbs � a mesma para a forma��o de g�s hidrog�nio e mon�xido de nitrog�nio, e n�o a diferen�a de potencial. A menos que tenhamos alguma regra pr�tica, para avaliarmos a tend�ncia das rea��es devemos verificar a varia��o de energia livre, uma vez que o n�mero de el�trons transferidos � diferente em cada caso.

Letra d -  Falsa: pelo gr�fico, acima de 16 % de �cido n�trico a termodinamicamente mais favor�vel � aquela que produz g�s hidrog�nio.

Letra e-   Falsa: da mesma forma que na afirma��o acima, devemos calcular a varia��o de energia livre de Gibbs pela equa��o  e n�o somente os valores de .

 

3 – H� muitos sais que s�o sol�veis em �gua como, por exemplo, o cloreto de s�dio e o cloreto de magn�sio que se encontram presentes na �gua do mar. Uma amostra de 0,930 g de uma mistura de NaCl e MgCl2 foi dissolvida em �gua. A adi��o de excesso de AgNO3(aq) fez com que todos os �ons cloreto precipitassem como AgCl(s). A massa do precipitado seco foi 2,676 g. A partir desses dados, qual foi a porcentagem em massa de NaCl na mistura original?

a)    45,7 %

b)    16,9 %

c)    29,2 %

d)    23,8 %

e)    39,8 %

 

 
Resposta:
Letra d.

Rea��o I:       NaCl(aq) + AgNO3(aq)  NaNO3(g) + AgCl(aq)

Rea��o II:      MgCl2(aq) + 2AgNO3(aq)  2NaNO3(g) + 2AgCl(aq)

A massa da mistura de NaCl e MgCl2:

A massa de cloreto formada pela adi��o de AgNO3 na mistura:

Fazendo a rela��o entre a quantidades de massa e de mols, e aplicando nas duas equa��es, tem-se (unidade grama ser� omitida para facilitar os c�lculos):

Assim, obtemos duas equa��es e duas inc�gnitas:

Logo, a massa de NaCl �:

A porcentagem de massa de NaCl na mistura original �

 

Quest�o 4 – A forma��o de um s�lido a partir de l�quidos e/ou de gases � uma das evid�ncias de que ocorreu uma rea��o qu�mica. Para demostrar tal evid�ncia, um recipiente de 2,5 L que cont�m am�nia gasosa a 0,78 atm e 18,5 �C foi conectado em outro recipiente de 1,4 L com cloreto de hidrog�nio gasoso a 0,93 atm e 18,5 �C, respectivamente. Sabe-se que a combina��o desses gases leva a forma��o de cloreto de am�nio s�lido, logo, qual a quantidade aproximada de massa formada desse composto, o g�s que sobrou nos recipientes conectados e a sua press�o?

a)    1,44 g; am�nia; 0,166 atm.

b)    3,19 g; cloreto de hidrog�nio; 0,332 atm.

c)    1,44 g; cloreto de hidrog�nio; 0,332 atm.

d)    1,44 g; am�nia; 0,332 atm.

e)    2,91 g; am�nia; 0,166 atm.

 

Resposta:
Letra e.

Antes da v�lvula ser aberta, a quantidade em mols de cada g�s �:

Assim, que a v�lvula � aberta os gases come�am a se combinarem formando o cloreto de am�nio s�lido:

NH3(g) + HCl(g)  NH4Cl(s)

Como o HCl(g) est� em menor quantidade de mols, este � o reagente limitante, logo a quantidade mols de NH4Cl(s) formado �:

E a quantidade de NH4Cl(s) em massa �:

E como o NH3(g) � o reagente em excesso (g�s que sobrou), a quantidade de mols remanescente �:

A press�o resultante do g�s remanescente �:

 

Quest�o 5 – As dimens�es de �tomos, �ons e comprimentos de liga��o situam-se na faixa de 10-10 m, que equivale 1 � (�ngstron) ou 100 pm (pic�metro). Por exemplo, o raio covalente do hidrog�nio � de 74 pm. Suponha que os �tomos de hidrog�nio possam ser dispostos lado a lado em uma �nica linha, conforme sugerido no diagrama abaixo:

Qual � a massa de uma linha de �tomos de hidrog�nio com exatamente 10 cm de comprimento?

a)    7,4  10−11 g

b)    7,4  10−10 g

c)    2,3  10−15 g

d)    1,1  10−21 g

e)    1,1  10−15 g

 
RESPOSTA:
Letra e.

O di�metro de um �tomo de hidrog�nio �

O n�mero de �tomos de hidrog�nio alinhados no intervalo de 10 cm �

E o n�mero de mols de �tomos de hidrog�nio �

E a massa de hidrog�nio �

 

Quest�o 6 – O conhecimento e o estudo da velocidade das rea��es s�o de grande interesse industrial, pois permitem reduzir custos e aumentar a produtividade dos processos fabris. Sabe-se que as rea��es qu�micas ocorrem com velocidades diferentes e estas podem ser alteradas. Para exemplificar, considere a rea��o abaixo representada:

A representa��o matem�tica de velocidade desta rea��o �:

Assim sendo, para esse caso, qual afirma��o est� correta?

a)    A ordem geral � 12.

b)    Dobrando a concentra��o de  e  e reduzindo a metade da concentra��o de  a velocidade de rea��o n�o se altera.

c)    A unidade da constante de velocidade, , � mol dm–3 s–1.

d)    Uma altera��o na concentra��o de  ou  n�o afeta a velocidade de rea��o.

e)    Dobrando a concentra��o de  ou  e reduzindo a metade da concentra��o de  a velocidade de rea��o n�o se altera.

 
RESPOSTA:

Letra a:

A ordem geral � a soma dos expoentes atribu�das as concentra��es dos componentes da rea��o. Assim sendo,

A afirma��o � FALSA.

Letra b: 

A afirma��o � VERDADEIRA.

Letra c:

A constante  � dada pela express�o:

Logo, a unidade da constante  ser�

A afirma��o � FALSA.

Letra d:

ou

A afirma��o � FALSA.

Letra e:

ou

A afirma��o � FALSA.

 

Quest�o 7 – O Fler�vio (Fl) � um elemento qu�mico artificial, de n�mero at�mico 114, criado em laborat�rio e na Tabela Peri�dica est� situado imediatamente abaixo do chumbo. At� o momento, cientistas nucleares conseguiram sintetizar apenas alguns �tomos do elemento 114 e, portanto, a apar�ncia f�sica de uma amostra maior ainda n�o � conhecida. Com base na sua posi��o na Tabela Peri�dica, o elemento 114 � mais prov�vel que seja um:

a)    Metal cinza-prateado.

b)    L�quido vol�til avermelhado.

c)    G�s verde amarelo p�lido.

d)    Cristal incolor.

e)    S�lido em p� preto.

 
RESPOSTA:
Letra a -  Esse elemento est� situado no grupo 14, ou seja, a partir do estanho para baixo os elementos s�o met�licos s�lidos, assim como o estanho e chumbo, ambos apresentam cor acinzentada com brilho tipicamente prateado. Seguindo essa dedu��o, o elemento 114 que est� logo abaixo do chumbo deve ser um metal de aspecto cinza-prateado.

 

Quest�o 8 – Visto que o petr�leo � um combust�vel n�o renov�vel e que contribui para a polui��o do meio ambiente, v�rias ind�strias e centros de pesquisas t�m se mobilizado na busca por novas fontes de energia combust�vel. � nesse contexto que surge o hidrog�nio combust�vel, considerado como o combust�vel do futuro, por ser renov�vel, inesgot�vel e principalmente por n�o liberar gases t�xicos para a atmosfera. Abaixo t�m-se algumas vantagens do combust�vel hidrog�nio:

  Utiliza��o de motores el�tricos no lugar de motores a combust�o, minimizando a polui��o do meio ambiente;

  Seu processo de gera��o de energia � descentralizado, n�o sendo necess�ria a constru��o de hidrel�tricas;

  A gera��o de energia por meio de pilhas � combust�vel � mais eficiente do que a obtida pelos processos tradicionais.

A rea��o abaixo representada indica a possibilidade de obten��o de hidrog�nio a partir do mon�xido de carbono:

  e a  

Analisando os dados da rea��o acima, afirma-se:

      I.     Um aumento da press�o total sobre o sistema n�o altera o estado de equil�brio;

     II.     Uma diminui��o da temperatura favorece o aumento na produ��o de g�s hidrog�nio;

   III.     O valor de  nas condi��es dadas;

   IV.     A concentra��o final de cada componente do sistema, em equil�brio, quando se misturam um mol de cada um dos reagentes com dois mols de cada um dos produtos, na temperatura da experi�ncia, considerando um bal�o volum�trico de  �:

   e .

Est�o corretas as afirma��es:

a)    I, II e IV apenas.

b)    II e IV apenas

c)    I e II apenas.

d)    III e IV apenas.

e)    I e III apenas.

 

RESPOSTA:

Letra c.

I – Verdadeiro: n� mols dos produtos= n�mols dos reagentes;

II– Verdadeiro: como a rea��o � exot�rmica no sentido da produ��o de H2, a diminui��o da temperatura favorece o deslocamento para direita(lado exot�rmico);

III – Falsa: como , logo.

IV –Falsa:  e .

 

Quest�o 9 – Os efeitos dos solutos nas propriedades f�sicas da �gua podem ser vistos em algumas situa��es comuns e de f�cil compreens�o, como por exemplo, ao evitar o congelamento da �gua nos radiadores de carros em lugares muito frios. Os gr�ficos abaixo foram constru�dos ap�s a avalia��o da varia��o na temperatura de congelamento de duas solu��es aquosas: uma constitu�da pelo soluto A e outra constitu�da pelo soluto B.

Considerando as informa��es contidas nos gr�ficos pode-se afirmar que os solutos A e B eram respectivamente:

a)    Brometo de c�lcio e cloreto de f�rrico.

b)    Cloreto de pot�ssio e sulfato de s�dio.

c)    Glicose e cloreto de s�dio.

d)    Sacarose e glicose.

e)    Iodeto de pot�ssio e sacarose.

 

RESPOSTA:

Letra e: Nessa quest�o o estudante deve avaliar os gr�ficos e perceber que, ao se considerar a mesma concentra��o para as duas solu��es (mol kg-1), aquela que apresenta maior varia��o de temperatura corresponde ao sistema com maior n�mero de part�culas (�nico fator que afeta as propriedades coligativas).

 

Quest�o 10 – Segundo o cientista da NASA, James Hansen, a temperatura da Terra alcan�ou, nas �ltimas d�cadas, uma r�pida ascens�o de cerca de 0,2 �C, fen�meno esse que n�o havia ocorrido desde a �ltima era glacial, h� 12.000 anos. Tal aquecimento se explica, conforme o cientista, pelo aumento da emiss�o de gases estufa. Com base nestes estudos, pode-se afirmar corretamente que s�o consequ�ncias do fen�meno de aquecimento global:

      I.  Devasta��o das florestas e savanas.

     II.  Redu��o do volume das geleiras alpinas e das calotas glaciais.

   III.  Maior possibilidade de forma��es de tempestades e ciclones tanto no Atl�ntico Norte quanto no Atl�ntico Sul.

   IV.  Redu��o da acidez das chuvas.

    V.  Transgress�o marinha sobre partes das faixas costeiras.

   VI.  Rebaixamento do n�vel dos oceanos e consequente expans�o das �reas litor�neas.

 VII.  Aumento do risco de degrada��o dos ecossistemas coral�neos.

A alternativa que apresenta apenas as consequ�ncias desse fen�meno �:

a)    II, III, V e VII, apenas.

b)    I, II, III, IV, VI e VII.

c)    I, III, IV e VI, apenas.

d)    II, IV, VI e VII, apenas.

e)    II, III e VI, apenas.

RESPOSTA:

Letra a: Os demais itens s�o as causas do aquecimento global ou fen�menos adversos.

 

PARTE B - QUEST�ES ANAL�TICO-EXPOSITIVAS

 

Quest�o 11 – As hist�rias em quadrinhos (HQs) e os filmes de s�rie da� derivados cativam milh�es de f�s pelo mundo. Muitas vezes, existem erros cient�ficos grosseiros, que fogem da realidade. Por outras vezes, as HQs criam uma ponte entre o conhecimento cient�fico e o dia a dia das pessoas. A franquia Marvel Comics � tem lan�ado filmes que se tornam grandes eventos para os aficionados. Dois metais fict�cios foram utilizados em seus enredos: o adamantium (usado principalmente no esqueleto e nas garras do Wolverine e nas espadas de Deadpool), e o vibranium, utilizado na armadura do Pantera Negra e no escudo do Capit�o Am�rica, al�m de outros usos.

Considere esses metais fict�cios e responda os itens abaixo:

a)  Levando-se em conta a atual Tabela Peri�dica, justifique o fato n�o ser poss�vel a inser��o de uma nova fam�lia (ou grupo) na mesma, como, por exemplo, a fam�lia 19, situada logo ap�s a fam�lia dos gases nobres.

 

RESPOSTA:

A Tabela Peri�dica est� organizada em n�mero at�mico crescente. Assim, por exemplo, no segundo per�odo e �ltima fam�lia, o ne�nio apresenta . J� no terceiro per�odo e primeira fam�lia, o s�dio tem . Um suposto elemento que esteja entre o ne�nio e o s�dio deveria ter um n�mero fracion�rio, o que � imposs�vel. Al�m disso, a organiza��o da tabela peri�dica segundo grupos est� relacionada com a distribui��o eletr�nica dos elementos, de modo que os elementos dos �ltimos grupos da tabela 13 a 18 t�m sua configura��o eletr�nica terminando de p1 a p6 (bloco p). Como n�o h� possibilidade de o subn�vel p ter mais que 6 el�trons, n�o seria poss�vel haver o grupo 19.

 

b)  Explique como a temperatura influi na condutividade el�trica de um condutor met�lico e de um semicondutor.

 

RESPOSTA:

De acordo com a Teoria da Liga��o Met�lica, qualquer metal pode ser fundido ou moldado, independente do n�mero de vezes que isso aconte�a. Na HQ, a contradi��o do suposto metal adamantium � esse: que ele n�o pode ser fundido novamente depois de ser moldado. Isso � contradit�rio com a Teoria. Assim, essa � a contradi��o que deve ser apontada.

 

No entanto, uma possibilidade seria a transforma��o cristalina entre metais que possuem uma variedade de ret�culos. Pois o fato exposto pode facilmente ser explicado como uma �alotropiza��o� elementar a baixa temperatura por uma transi��o reticular alfa (α) – beta (β). 

 

Portanto, caso sejam apresentados, como resposta, elementos que apontem a varia��o alotr�pica (como o estanho, por exemplo) ou varia��o reticular, a resposta ser� considerada.

 

c)  Quais as propriedades f�sicas comumente apresentadas pelos metais? Quais s�o as caracter�sticas estruturais respons�veis por essas propriedades?

 

RESPOSTA:

Os metais apresentam alta densidade, opacidade, condutibilidade el�trica, alto empacotamento cristalino.

 

d)  O vibranium apresenta alta resist�ncia mec�nica, baixa densidade e � um isolante el�trico. Isso por si s� � uma contradi��o. Explique essa contradi��o.

 

RESPOSTA:

A teoria de liga��o met�lica aponta que um metal que tem uma alta resist�ncia mec�nica apresenta uma alta densidade, por conta de seu reticulo cristalino. Al�m disso, a teoria do �mar de el�trons�, base da liga��o met�lica, explica o motivo de todo metal conduzir corrente el�trica. Assim, o vibranium deveria ser condutor e n�o isolante.

 

e)  O adamantium apresenta uma alta densidade e uma alta resist�ncia mec�nica. Conforme a HQ, sabe-se que ele uma vez resfriado, n�o pode ser mais fundido ou moldado. Justifique a esse fato.

 

RESPOSTA:

Ainda sobre a teoria da liga��o met�lica, uma das caracter�sticas do metal gen�rico � ser d�ctil e male�vel, por conta do deslizamento entre os c�tions. Assim, se o adamantium fosse um metal real, ele possuiria essas caracter�sticas, ou seja, poderia ser sim fundido e/ou moldado.

 

Quest�o 12 – Henry G. J. Moseley (1887-1915), f�sico ingl�s, foi declarado por Rutherford como seu aluno mais talentoso. Ele estabeleceu o conceito de n�mero at�mico ao estudar os raios X emitidos pelos elementos qu�micos. Os raios X emitidos por alguns elementos t�m os seguintes comprimentos de onda:

 

Elemento

Comprimento de ondas (�)

Ne

14,610

Ca

3,358

Zn

1,435

Zr

0,786

Sn

0,491

a)    Calcule a frequ�ncia, , dos raios X emitidos por cada um dos elementos, em Hz.
Dados: Constante da velocidade da luz, c = 3 108 m s–1.
 
RESPOSTA:
Considerando que  e que , a frequ�ncia pode ser calculada pela equa��o:
 
b)    Desenhe e analise o gr�fico da raiz quadrada de versus n�mero at�mico do elemento.
 
RESPOSTA:
A tabela de dados de n�mero at�mico (Z) e a raiz quadrada da frequ�ncia () � dada abaixo:

Elemento

Z

Ne

10

4,531

Ca

20

9,452

Zn

30

14,459

Zr

40

19,537

Sn

50

24,718

Com base nos dados pode plotar o gr�fico ilustrado abaixo:
Os dados mostram uma aparente linearidade, ou melhor, a raiz quadrada da frequ�ncia � proporcional ao n�mero de at�mico do elemento.
 
c)    Explique como a curva do item (b) permitiu a Moseley prever a exist�ncia de elementos ainda n�o descobertos.
 
RESPOSTA:
Como observado no gr�fico do item (b), a tend�ncia altamente linear entre a raiz quadrada da frequ�ncia e n�mero at�mico do elemento sugeriram a Moseley que os elementos estariam dispostos em ordem crescente de n�mero at�mico, que esses dados podem ser extrapolados observando a mesma tend�ncia. Assim, naquele momento v�rios elementos ainda n�o eram conhecidos, mas estavam sendo previsto de acordo com esse estudo experimental.
 
d)    Use o resultado do item (b) para prever o comprimento de onda dos raios X emitidos pelo elemento ferro.
 
RESPOSTA:
Fazendo uma interpola��o pode-se obter facilmente a frequ�ncia do elemento Fe ():
E agora calcular a comprimento de onda de raios X para o Fe:
 
e)    Se um determinado elemento emite raios X com um comprimento de onda de 0,980 �, qual seria esse elemento?
 
RESPOSTA:
Fazendo a raiz quadrada da frequ�ncia, tem-se:
Agora interpolando os dados entre os elementos Zn e Zr, tem-se:
Logo, o elemento � o Kr (Cript�nio).

 

Quest�o 13 – O tetrafluoreto de enxofre (SF4) reage vagarosamente com oxig�nio (O2) para formar mon�xido de tetrafluoreto de enxofre (SF4O), de acordo com a rea��o representada a seguir:

2SF4(g) + O2(g 2SF4O(g)

a)  Escreva a estrutura de Lewis para SF4O, na qual as cargas formais de todos os �tomos sejam iguais a zero.

 
RESPOSTA:

el�trons

S

F

O

Estrutura de Lewis

val�ncia

6

7

6

– n�ocompartilhados

0

6

4

– 1/2 compartilhados

6

1

2

carga formal

0

0

0

 

b)  Determine o arranjo estrutural de SF4O e defina qual � a geometria molecular mais prov�vel baseada nesse arranjo.

 
RESPOSTA:
Arranjo Molecular
Bipir�mide trigonal distorcida

 

c)  Use as entalpias m�dias de liga��o fornecidas na tabela abaixo para calcular a entalpia de rea��o e indique se a rea��o � endot�rmica ou exot�rmica.

Liga��o

Entalpia(kJ/mol)

S=O

523

O=O

495

SF

327

OF

190

FF

155

OO

146

RESPOSTA:

2SF4(g) + O2(g 2S(g) + 4F(g)+2O(g)

2S(g) + 4F(g)+2O(g 2SF4O(g)

A rea��o � exot�rmica.

 

d)    A rea��o do enxofre e fl�or forma v�rios compostos diferentes, inclusive o tetrafluoreto de enxofre e o hexafluoreto de enxofre que podem ser precursores para o mon�xido de tetrafluoreto de enxofre. A decomposi��o de uma amostra de tetrafluoreto de enxofre produz 4,43 g de fl�or e 1,87 g de enxofre, enquanto que a decomposi��o de uma amostra de hexafluoreto de enxofre produz 4,45 g de fl�or e 1,25 g de enxofre. Mostre que os dados s�o consistentes com a lei de propor��es m�ltiplas.

 
RESPOSTA:
Massa de fl�or por grama de enxofre no SF4:
Massa de fl�or por grama de enxofre no SF6:
Raz�o entre as massas de fl�or por grama de enxofre de SF4 e SF6:
Logo, o resultado obtido apresenta uma propor��o de pequenos n�meros inteiros que correspondem a lei de propor��es m�ltiplas.
 
e)    O decafluoreto de dissulfeto � intermedi�rio em reatividade entre SF4 e SF6. Ele se decomp�e a 150 �C resultando nestes fluoretos monossulfurados. Escreva uma equa��o balanceada para esta rea��o e identifique o estado de oxida��o de enxofre em cada composto.
 
RESPOSTA:
Rea��o balanceada:    S2F10(g SF4(g) + SF6(g)
NOx do S no S2F10 � +5
NOx do S no SF4 � +4
NOx do S no SF6 � +6

 

Quest�o 14 – O grau de dissocia��o, a, � definido como a fra��o de reagente que se decomp�e, quando a quantidade inicial de reagente �  e a quantidade em equil�brio � , ent�o . A energia de Gibbs padr�o de rea��o para a decomposi��o � +118,08 kJ mol–1 a 2300 K.

a)    Calcule a constante de equil�brio a partir da energia de Gibbs padr�o de rea��o no equil�brio pela equa��o .

Dado da constante dos gases: .

 
RESPOSTA:

Rearranjando a equa��o acima, tem-se:

 

b)    Mostre que

 
RESPOSTA:
 
H2O
H2
O2
 
Quantidade inicial
0
0
 
Quantidade intermediaria
 
Quantidade no equil�brio
Total: 
Fra��o molar, 
 
Press�o parcial,
 
A constante de equil�brio em fun��o das press�es parciais �
Nesta express�o, escrevemos  no lugar de , para manter a nota��o simples. Como , pode-se fazer as seguintes aproxima��es:  e .
Substituindo na express�o tem-se:

 

c)    Calcule o grau de dissocia��o de H2O a 2300 K e 1,00 bar.

 

RESPOSTA:

Sob a condi��o de estado,  (isto �, ), ent�o:

Ou seja, aproximadamente 2 % da �gua se decomp�s.

 

d)    Calcule as fra��es molares das subst�ncias no equil�brio.

 
RESPOSTA:
Fra��o molar da H2O:

Fra��o molar da H2:

Fra��o molar da O2:

 

e)    O grau de dissocia��o aumentar� ou diminuir�, se o valor da press�o for duplicado na mesma temperatura? Al�m do c�lculo, qual o efeito que justifica que mantem o equil�brio?

 
RESPOSTA:
Considerando que a press�o seja duplicada, tem-se:

Logo, observa-se que o grau de dissocia��o diminuir�.
Para aumentar a press�o do sistema � necess�rio reduzir o volume ocupado pelos gases, ent�o o equil�brio se deslocaria para o lado do reagente, nesse caso para H2O(g), devido a menor quantidade de volume e mols de g�s, consequentemente diminui o grau de dissocia��o, n�o favorecendo a forma��o dos gases H2 e O2 (produtos).

 

Quest�o 15 – Com base em medidas experimentais e c�lculos de mudan�as de entalpia, o qu�mico su��o G. H. Hess sugeriu em 1840, que para uma dada rea��o, a varia��o de entalpia � sempre a mesma, esteja essa rea��o ocorrendo em uma ou em v�rias etapas (Lei de Hess). Para exemplificar, em um experimento para estimar a entalpia molar padr�o de forma��o de butano (a partir de seus elementos), os seguintes valores foram determinados por calorimetria:

(1) 

(2) 

(3) 

Figura 1. Nesta ilustra��o � mostrada o transporte de tijolos do ch�o para o segundo piso por dois caminhos diferentes, sendo: (i) o primeiro, os tijolos s�o transportados por uma esteira vertical para o terceiro piso e carregado descendo uma escada at� o segundo piso e (ii) o segundo, os s�o transportados por uma escada at� o segundo piso em uma �nica etapa. Em ambos os casos, o resultado � o mesmo (Jenkins, F. Nelson Chemistry Alberta 20–30, 2016).

Considerando os dados acima:

a)    Qual � a varia��o de entalpia molar padr�o de forma��o do butano?

 
RESPOSTA:

1

2

3

 

 

 

b)    A partir dos dados das rea��es de combust�o e de forma��o fa�a um diagrama de entalpia representando a forma��o do butano.

 
RESPOSTA:
A figura abaixo ilustra o diagrama de entalpia de forma��o do butano.

 

c)    A partir dos dados de entalpias de liga��o e mudan�a de estado f�sico estime a entalpia de forma��o para 1 mol de butano?

Tipo de Liga��o

C–C

346,8

C–H

413,4

H–H

436,0

Mudan�a de estadof�sico

C(grafita, s) C(g)

716,7

 
RESPOSTA:
A rea��o de forma��o de 1 mol de butano �:

Etapa 1:

Etapa 2:

A entalpia de forma��o do C4H10(g) �:

 

d)    Qual o erro percentual observado para a entalpia de forma��o de 1 mol de C4H10(g) estimada no item (a) e (c), respectivamente? A que voc� atribuiria tal erro?

Dado Tabelado: (Atkins, P.; Paula, J. PhysicalChemical, 2006).

 
RESPOSTA:

Erro porcentual para entalpia do item (a):

Erro porcentual para entalpia do item (b):

Em m�dulo o , a entalpia calculada no item (b) apresenta maior discrep�ncia em rela��o ao valor tabela, isto est� relacionado com os valores de energia de liga��o, uma vez que, estes s�o estimados em valores m�dios de energia de liga��o em rela��o ao tipo de liga��o dos �tomos, sem se preocupar com a interfer�ncia provocadas geralmente por outros �tomos ou �tomos vizinhos ligados a dist�ncia.

 

e)    O butano � o principal componente do GLP (g�s liquefeito de petr�leo), conhecimento como g�s de cozinha. Atualmente, o valor comercial m�dio de um botij�o de g�s de 13 kg � de R$ 70,00, e ocupa o volume de 31 litros. Considere que uma dom�stica comprou um botij�o de g�s para seu consumo em um fog�o a g�s, ap�s certo per�odo n�o se conseguia produzir chama no fog�o a 25� C. Com base nas informa��es acima, calcule a massa de GLP retido no botij�o e qual a perda financeira na substitui��o do mesmo (considere que esse GLP seja composto apenas de butano).

 
RESPOSTA:
Quando o botij�o parar de produzir a chama, a press�o interna � igual a press�o externa de 1 atm, ent�o a massa retida �:
O valor da perda financeira �:
-------
-------
Ou melhor, � R$ 0,40 (quarenta centavos de reais).

 

Quest�o 16 – O iodoetano � um l�quido incolor usado como precursor em rea��es org�nicas de alquila��o na ind�stria farmac�utica e na produ��o de defensivos agr�colas. A decomposi��o do iodoetano � representada pela equa��o abaixo.

C2H5I(g)  C2H4(g) + HI(g)

Considere o conjunto de dados apresentado abaixo, obtidos durante o estudo da rea��o citada:

7,20 × 10–4

2,20 × 10–3

1,70 × 10–2

0,110

660,0

680,0

720,0

760,0

 

a)  Determine a energia de ativa��o de Arrhenius para a rea��o citada e o valor do fator A.

 

RESPOSTA:

 ou seja

 ou seja

e

 ou seja

 

b)  Determine o valor da constante de velocidade da rea��o � temperatura de 400 oC.

 

RESPOSTA: